sexta-feira,
27 de dezembro de 2024

Artigo/Opinião

MOMENTO NOSTALGIA: “A Casa Mal-Assombrada”

Escritora, poeta e contista. Ocupante da cadeira de nº 06 da AFHAL (Academia Florianense de História, Artes e Letras “Flores Passinato Kuster”)

 

Giovana Schneider

 

O passado pode revelar fatos pitorescos, tristes ou culturais…e conhecer é hilário. Quantas aventuras! Boas lembranças da casa mal-assombrada e, de uma infância maravilhosa, uma pena só ter o registro da ruína, mas, com certeza, crianças que lá brincaram, hoje, adultos, lembram-se direitinho de como ela era.

 

 

Esta casa foi construída pelo senhor José Henrique Pereira. O seu contador morou lá por algum tempo. Depois o senhor Antenor dos Santos Braga, um dos primeiros farmacêuticos de Marechal Floriano, adquiriu para sua moradia, que deixou de herança para a filha. Muitos se recordam de como era um lugar bonito e, com muitas árvores frutíferas. Mas com o tempo ficou abandonada e conhecida como mal-assombrada, lugar de brincadeiras e aventuras de algumas crianças. 

 

Isso aconteceu nos áureos tempos de uma época, que ser criança era brincar, sonhar e se aventurar. Trago boas lembranças de Marechal Floriano, e dos bons tempos da minha infância.

 

Éramos em cinco amigas, e gostávamos de nos aventurar. A pequena Marechal Floriano era um lugar ótimo para as nossas aventuras de criança. Havia duas casas antigas que nos chamavam a atenção, uma que hoje está reformada, e a outra não existe mais, e que no local vai ser construidido uma escola, mas isso já é outra história.

 

Então, a casa que realmente nos chamava atenção, era a que não existe mais, pois ficava mais escondida, e era mais assombrosa para nós. Até que um dia juntamos coragem, e fomos lá para conhecê-la. Ficamos encantadas com a casa, e as antiguidades que tinha, até um espelho engraçado que nos refletia tortas, uma banheira estranha. As portas grandes dentro da casa, o teto era alto. A impressão era que tinham fugido da casa, e isso para nossa mente fértil, era uma viagem. Foram momentos divertidíssimos. E no quintal, vários pés de jabuticabas, que maravilha; tinha outras frutas, mas os nossos olhos viram as lindas jabuticabas.

 

Como éramos uma turminha aventureira, e não desistíamos facilmente. Havia um senhor que estava sempre espreitando para não deixar ninguém adentrar na propriedade, e também uma senhora que morava na outra casa, a tal que agora está reformada. Sempre precisávamos de um plano, para assim conseguirmos retornar e brincar. Até limpamos para ficarmos mais acomodadas. Era o nosso “clubinho”. 

 

Um belo dia a senhora nos viu, e foi aquela correria, todos sempre falavam que ela dava tiro de sal, não sabíamos se procedia, nem o que era exatamente, mas não ficamos para saber. Corremos para pular o muro, todas conseguiram, e eu como era muito gordinha fiquei para trás, e também não estava conseguindo pular, minha irmã como era magra e ágil, voltou e pulo novamente para dentro e me ajudou, foi uma luta, mas conseguimos fugir. Era muita risada que dávamos.

 

Em dezembro de 2016, fiz uma postagem falando da casa mal-assombrada no facebook. Foram muitos comentários. Selecionei alguns:

 

Dona Nair Borgo da Vitória: “Linda, é uma pena que se perdeu, havia atrás dela um pequeno lago e não tinha estas taquaras do reino, havia caqui, jabuticaba e muitas laranjas, fui muitas vezes lá”. 

 

Mária Amália Klippel Andrade de Souza: “Eu tive o prazer de entrar nesta casa quando os donos vinham nos fins de semana, era muito linda”.

 

Maysa da Penha Lube: “Roubamos muitas mexericas”.

 

Andersom C. Marques: “Uma vez estávamos vasculhando os cômodos da casa e encontramos uma caixa com um vestido de noiva, não sei o que aconteceu mais ouvimos um barulho como se tivesse caído algo do telhado, lembro que nesse dia atravessei a mata mais rápido que o Usain Bolt consegue fazer os 100m rasos”!

 

Muitas histórias, aventuras, e muito medo. Voltamos mais vezes, sempre acontecia uma aventura diferente. Um dia vi o papel com aquele desenho, não dava para saber exatamente o que era, fizemos várias interpretações dele, e o desenho está comigo até hoje, como um tesouro da infância, tenho vários, mas ele tem um significado coletivo… 

 

 

A alegria de ser criança,

É acreditar que tudo é possível,

É cantar, dançar e brincar,

E nunca…

Nunca mesmo, 

Deixar de sonhar. 

Giovana Schneider

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site, e nos reservamos o direito de excluir. Não serão aceitos comentários que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Confira mais Notícias

Artigo/Opinião

Em Marechal Floriano, sempre existiu uma conexão com as bandas que os jovens costumavam criar, há uma tradição que remonta a décadas anteriores

Artigo/Opinião

Histórias do Comércio – Indústria e Serviços de Marechal Floriano

Artigo/Opinião

Celebração do Dia da Reforma e dos 200 anos da Presença Luterana no Brasil — Domingos Martins

Artigo/Opinião

Bradesco — A primeira Instituição Financeira se despede de Marechal Floriano

Artigo/Opinião

Coluna Pinga-fogo: Reta final da campanha eleitoral histórica em Marechal Floriano

Artigo/Opinião

“Memórias de Marechal Floriano”: Genoveva Marculano Gama Filha, carinhosamente chamada de Dona Santa

Artigo/Opinião

Coluna Pinga-fogo: Aberta a temporada de caça ao eleitor em Marechal, e Justiça Eleitoral entra em campo para arbitrar o jogo

Artigo/Opinião

Uma antiga ruína e suas diversas recordações familiares de Marechal Floriano. Atualmente, uma linda escola ocupa esse espaço.