sábado,
21 de dezembro de 2024

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Menos da metade do esgoto do ES é tratado

“Informação é da professora Edumar Coelho, que falou sobre acesso à água e saneamento básico em palestra sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”

Redação

O Espírito Santo, e o país como um todo, tem um grande desafio para os próximos dez anos: universalizar o tratamento do esgoto coletado, que, em boa parte, continua sendo despejado in natura em rios, mares e solo, causando poluição de grande impacto.

O alerta é da professora Edumar Coelho, palestrante desta quarta-feira (4) do Conexões Sustentáveis – Agenda 2030 em Debate, projeto da Escola do Legislativo que discute os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

A professora, que atua em projetos de tratamento de água no âmbito do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), disse que o tratamento de esgoto no estado não passa de 47%.

Situação na Grande Vitória

Entre os municípios, segundo ela, Cariacica é o que apresenta mais deficiência no quesito, pois o esgoto tratado ainda não supera 37% do total coletado.

Já considerando a Grande Vitória, incluindo, além de Cariacica, Vitória, Vila Velha, Serra, Fundão e Viana, o tratamento alcança uma média de 50% para uma coleta de 80% do esgoto produzido. 

A professora, que tem mestrado e doutorado na área em que atua, afirmou que melhorar apenas os índices relacionados à coleta não resolve o problema da preservação do meio ambiente, já que o esgoto não tratado representa muito estrago ao ecossistema. 

Água de beber 

Em relação à água potável, a especialista afirmou que tem havido avanços importantes em sua oferta no estado e no país, atingindo médias respectivas de 83% e 86%, mas desperdícios verificados devido a defeitos nas redes de distribuição causam prejuízos que impactam no preço do produto.

Plantando Águas

A exposição da professora Edumar Coelho abordou o ODS 6, que trata de água potável e saneamento. Gestores públicos, acadêmicos e ativistas ambientais acompanharam a palestra. Entre eles, o arquiteto Amilcar Borges, do Instituto Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Pesquisa, uma Organização Não Governamental (ONG) que desenvolve o projeto denominado “Plantando Águas”. 

Ele explicou que a iniciativa pode ajudar na busca do cumprimento do ODS 6, já que o Plantando Águas tem desenvolvido ações que melhoram a infiltração de água no solo nos períodos chuvosos, restaurando lençóis freáticos que estão secando. “Com os lençóis freáticos restaurados, há mais oferta de água, diminuindo a seca nos rios, já que as nascentes refletem o seu afloramento (dos lençóis)”, explicou. 

Amilcar que, além de ajudar na preservação das nascentes, os lençóis representam também reservas subterrâneas de águas, os chamados aquíferos, que devem ser exploradas de forma responsável para evitar que o volume se reduza de forma drástica.    

“Temos atuado com o Plantando Águas em municípios capixabas como Itapemirim e Marataízes; em Minas Gerais atuamos também em Caxambu e São Lourenço, cidades que fazem parte do famoso circuito das águas, mas que estavam com os aquíferos ameaçados devido à exploração irresponsável”, citou. 

O ativista ambiental considerou importantes as palestras realizadas pela Escola do Legislativo dentro do projeto Conexões Sustentáveis, haja vista que, em sua avaliação, está havendo “muito atraso” na implementação das medidas. 

“Estou participando de todos os debates e procurando contribuir de alguma forma com ideias que possam somar na busca de soluções para melhor preservação do meio ambiente”, finalizou. 

Obras invisíveis 

O idealizador do evento e diretor da Escola do Legislativo, Sergio Majeski, avaliou que há um desinteresse político de forma geral no país relacionado a investimentos em saneamento básico, pois se tratam de obras invisíveis, que ficam debaixo da terra e, por isso, muitas vezes podem não se converter em votos. 

“Precisamos nos mobilizar e exigir o cumprimento dos ODS e das legislações que tratam, neste caso do debate de hoje, da universalização da oferta de água potável e da coleta e tratamento do esgoto”, pontuou. 

Ele ainda destacou que a professora Edumar Coelho é referência no Espírito Santo quando se fala em água potável e esgoto devido ao empenho e dedicação aos projetos coordenados por ela no Departamento de Engenharia Ambiental da Ufes.

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