Uma reviravolta no caso da morte do menino Samuel Macedo Neves, 3 anos, que teria se afogado em um balde de água, na noite do último sábado (04), chocou os moradores do bairro Nova Brasília, em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado.
Na ocasião, a madrasta do menino, Juliana Vicente Pereira, de 25 anos, contou ao marido, Eliú Rosa Neves, que enquanto dava banho no garoto, no início da noite, saiu por alguns minutos e o deixou sozinho no banheiro. Quando voltou, viu que o enteado estava caído no chão, com a cabeça dentro de um balde com água.
No entanto, um laudo pericial aponta que a morte não foi acidental. A criança teve asfixia mecânica, ou seja, foi esganada. Juliana foi detida pelo plantão da 7º Delegacia Regional de Cachoeiro de Itapemirim, em cumprimento ao mandado de prisão temporária pela provocação voluntária da morte do menino.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Guilherme Eugênio, não houve tentativa de socorro por parte de Juliana. “A madrasta ficou aproximadamente duas horas com a criança já morta pensando em uma alternativa para ocultar a realidade dos fatos”, disse. Juliana Vicente Pereira, 25 anos, ficará presa por 30 dias até a conclusão do inquérito.
O pai da criança não foi detido, mas foi conduzido para a delegacia para prestar outro depoimento. O delegado ainda disse que tanto Fabiane quanto Eliú mentiram no primeiro depoimento. “Agora a gente pretende descobrir o porque das inverdades contadas pelo pai. Se isso implica na ciência preévia dele do que aconteceu ou não. De qualquer forma, a responsabilidade da madrasta já foi muito bem delineada”, revelou.
O caso foi encaminhado para a Delegacia de Crimes Contra a Vida, quem tem 30 dias para concluir o inquérito. O delegado Guilherme Eugênio contou que vai trabalhar com três linhas de investigação.
“Pode ser o ciúme e o receio de que o pai invista mais na criança e no filho que teve da união anterior, do que no filho que tem nessa nova união. Existe também a possibilidade de que a criança represente a manutenção de um contato do pai com a mãe,que poderia provocar ciúme na madrasta. Ainda existe a possibilidade relacionada a um acesso de fúria de uma pessoa descontrolada e despreparada que pode ter perdido o controle durante uma birra, ela pode ter se voltado contra a criança de uma forma brutal e inaceitável”.
Ela pode pegar de quatro a 30 anos de prisão após a condenação.
O crime
O crime aconteceu na casa da suspeita, no bairro Nova Brasília. Samuel morava com a avó materna, em Atílio Vivácqua, também no Sul e o pai, Eliú Rosa Neves, tinha permissão para pegar o filho de 15 em 15 dias.
O menino chegou a ser socorrido às pressas e levado para o Hospital Infantil de Cachoeiro, mas não resistiu e morreu antes mesmo de ser atendido pelos médicos.
A madrasta contou ao pai de Samuel que enquanto dava banho no garoto, no início da noite, saiu por alguns minutos e o deixou sozinho no banheiro. Quando voltou, viu que o enteado estava caído no chão, com a cabeça dentro de um balde com água.
A mãe de Samuel, Lorena Macedo, disse que ficou sabendo da morte do filho pelo telefone e contestou a versão dada pelo ex-marido. Em entrevista à TV Gazeta Sul, Lorena disse que Eliú foi frio ao avisá-la sobre o fato. Ela ainda contou que, no hospital, o filho parecia ter sido espancado.
“Eu o vi no hospital, cheio de marcas, com a boca cortada, muito branco, como se estivesse morto há muito tempo. Ele sempre voltava da casa do pai com marcas de agressão pelo corpo. Fui até chamada na creche para saber o que estava acontecendo”, disse.
O garoto morava com a avó, Tereza Macedo, em Atílio Vivácqua, também na região Sul. Tereza contou que chegou a alertar o pai da criança. Ela ainda acusa a madrasta pelo ocorrido. “Ela matou meu neto de raiva, porque não queria que ele fosse para a casa do pai”, acredita a avó.
Muito abalada, a mãe de Samuel, Lorena Macedo, disse à reportagem que o pai não via o menino há mais de um ano. Ela acredita que a madrasta tenha agredido a criança. “Ele tinha muitos roxos pelo braço”, conta mãe da criança.
O velório aconteceu em Atílio Vivácqua e o sepultamento ocorreu na manhã desta segunda-feira (06), em um cemitério do município.