Rael Sérgio/Gazeta/Ana Paula Mill.
“Estou sofrendo há 19 anos por um crime que não cometi”, defende Sargento Módolo.
O sargento aposentado da Polícia Militar Aloísio Módulo de Almeida, o sargento Módolo, condenado a 17 anos de prisão por homicídio, se apresentou na tarde desta terça feira (18), à Polícia Militar. Ao tomar conhecimento de que a prisão havia sido decretada pela Justiça, para execução da pena, o militar se antecipou e decidiu se apresentar no Quartel do Comando Geral. Hoje mesmo, ele prestou depoimento na Corregedoria da Polícia Militar.
Aloísio Módulo é sargento aposentado e foi eleito vereador por três mandatos, em Marechal Floriano, na Região Serrana do estado. Ele foi condenado pelo assassinato de um homem identificado como Marcelo Moura de Aguilar, executado em Cariacica com mais de 70 tiros, em 1996.
No entanto, documentos oficiais apresentados pelo sargento, e a única testemunha dentro do processo afirmam que Marcelo não estaria morto.
“Eu estou com prisão decretada, acusado de assassinato de um homem que não está morto. Não existe certidão de óbito em nome desse homem. Em solicitação ao ofício expedido pela 4ª Vara Criminal de Vila Velha, em 2010, o INSS informou que não foram encontrados registros de óbito em nome de Marcelo Moura de Aguilar. E o pior aconteceu em outubro do ano passado, quando foi decretada a prisão dele, em um processo onde ele figura como réu”, explicou o sargento, que também é formado em Direito.
Módolo afirmou que não conheçe o tal Marcelo e muito menos o Sirne. “É inacreditável e absurdo esse erro da Justiça. Apresentei-me espontaneamente, assim que tomei conhecimento da execução da pena a que fui condenado e que a minha prisão havia sido decretada. Fui condenado com base no nome fictício de um cadáver não identificado. Isso não tem lógica. O pior é que Marcelo Moura de Aguilar figura como réu e teve prisão decretada em outubro de 2013, em um processo que tramita na 4ª Vara Criminal de Vila Velha. São coisas desse tipo que não dá para entender”, defende o sargento.
Além disso, a única testemunha dentro do processo é uma diarista que seria viúva de “Marcelo”. No entanto, a mulher afirma que o marido dela se chama Sirne Batista da Silva e era negro. Ela nega ter reconhecido o corpo do companheiro no Departamento Médico Legal (DML), como consta no processo.
“Não reconheci o corpo do meu marido porque não era casada oficialmente com ele. Não identifiquei cadáver nenhum e muito menos reconheci o sargento Módulo como um dos suspeitos da execução de ninguém”, afirmou a diarista.
“Em nenhum momento, eu reconheci o sargento Módulo como um dos homens que teria matado o meu marido. Além disso, meu marido nunca foi Marcelo Moura de Aguilar. O meu companheiro é Sirne Batista da Silva. Fui até o DML para reconhecer o corpo do Sirne, mas ainda não tinha chegado. Então, deu entrada um outro corpo, que já estava bastante deteriorado, e eu não reconheci como sendo o do Sirne. Depois de três dias, os policiais falaram que tinha um corpo lá, mas não me deixaram ver, alegando que era só a família dele que poderia reconhecer, porque eu não era casada com ele no papel”, contou a diarista.
Diante dessas novas provas, o advogado do sargento Módulo vai entrar com pedido de revisão criminal do processo junto ao Tribunal de Justiça. Eles também devem pedir a prisão domiciliar do sargento, que é transplantado renal e fez uma cirurgia no coração no mês passado.