A tragédia em torno da morte do empresário Ivan Carlos Grigio, de 38 anos, assassinado em fevereiro deste ano, em Paraju, Domingos Martins, ganha contornos ainda mais dramáticos. O filho do assassino do empresário está processando a marcenaria que era de propriedade de Grigio e hoje é mantida pela esposa dele, Simone Haese Grigio. A viúva, em nome da empresa, responde a um processo trabalhista movido pelo filho do ex-bancário Leonério Faller.
Ivan Carlos Grigio foi morto por Leonério Faller dentro do escritório de sua marcenaria. O crime chocou os moradores do Distrito de Paraju, em Domingos Martins, em fevereiro deste ano. Leonério, após disparar contra o empresário, tentou se matar. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
O filho de Leonério era gerente da empresa de Ivan Grigio e foi demitido por justa causa. Logo depois – e antes do assassinato – ele entrou com uma ação na Vara do Trabalho para tentar reverter à demissão e receber a indenização trabalhista. É esse processo que ainda corre na Justiça.
A audiência no Ministério do Trabalho, que deveria acontecer na tarde desta quinta-feira (7), foi adiada e uma nova reunião está marcada para o dia 13 de junho, segundo o irmão de Ivan Grigio, André Luiz Stein Grigio. A família da vítima fez uma manifestação pacífica em frente à Vara do Trabalho. Com cartazes e camisetas estampadas com a foto do empresário, a família acompanhou a esposa da vítima, Simone Haese Grigio, que falou da dificuldade de encarar essa fase. “Viemos aqui responder ao processo que o filho do assassino do meu marido moveu contra nós. Viemos juntos, em um grupo, para mostrar nossa indignação contra tudo isso”, disse.
Segundo ela, depois da morte do marido e do embróglio em torno da demissão do filho do ex-bancário Leonério Faller, a empresa vai fechar as portas. “Tínhamos 22 funcionários, já demitimos uma parte e hoje sete pessoas trabalham na empresa. A marcenaria era nosso ganha pão, mas acabou”, diz, emocionada.
Processo
O processo corre na Vara do Trabalho de Venda Nova do Imigrante. Segundo informações do órgão, a alegação da defesa é de que o rapaz foi demitido sem justificativa e que teria empregado cerca de R$ 90 mil na empresa, dinheiro que não teria sido devolvido.
Já a família de Ivan Grigio diz que o rapaz foi demitido por conta de relatórios que não foram entregues. “Ele trabalhou por um ano e quatro meses para meu irmão. E nesse tempo, meu irmão pedia relatórios financeiros a ele, que não repassava nada. Escondia tudo. Foi aí que surgiu a demissão. Ele foi mandado embora por justa causa e moveu essa ação. E meu irmão queria saber dos relatórios, para onde tinha ido o dinheiro da empresa. Foi quando ocorreu o assassinato”, conta André Luiz.
“Ele alega que colocou R$ 90 mil na empresa, em forma de empréstimo. Mas como um funcionário empresta R$ 90 mil para uma empresa e nem comunica ao dono?”, continua.
Motivos
O motivo do assassinato ainda é investigado pela polícia, mas o principal indício é de que o empresário foi morto por conta dessa suposta dívida trabalhista. Segundo a polícia, ele recebia ameaças de morte desde dezembro.
“O advogado da família de Ivan revelou que o empresário recebia ameaças desde que demitiu o filho do ex-bancário por justa causa. As ameaças se tornaram mais constantes neste mês. Porém, em nenhum momento isto chegou à polícia”, explicou o delegado titular de Domingos Martins, Paulo Roberto de Castro Batista, ao Gazetaonline.
Entramos em contato com o advogado do filho de Leonério, Vinícius Coutinho, que informou que já foi pedido o sigilo no processo e que não está autorizado pela família a dar entrevistas.