Valdinei Guimarães/radiofmz.
O artesão vendanovense Geraldo Agrizzi (64) ganhou o Brasil produzindo e vendendo um produto diferente. Os berrantes fabricados por ele são conhecidos Brasil afora por quem gosta da cultura caipira. Da compra da matéria-prima até a venda do produto final, tudo é feito pelo artesão, que se orgulha da profissão e coleciona amigos artistas, que admiram seu trabalho.
O talento veio de berço. Geraldo aprendeu a fazer os berrantes observando o pai, que produzia os instrumentos. “Eu já fui caminhoneiro, pedreiro e pintor, mas decidi viver da produção de berrantes porque vale mais a pena”, conta o artesão. O trabalho não é fácil. Ele leva em média dois dias para produzir uma única peça.
Tudo começa com a escolha dos chifres que vão formar o berrante. “Eu compro esse material de frigoríficos de Goiás e Rondônia, mas também de Colatina, no Espírito Santo”, revela Geraldo. Já na oficina, os chifres são selecionados. Cada berrante tem que ser feito com chifres do mesmo lado das cabeças dos bois. “O quilo de chifre bruto e sujo, do jeito que chega para mim, custa um quilo de carne aqui na nossa região”, calcula o artesão.
Depois de separados, os chifres vão para as mesas de trabalho onde tudo é feito manualmente. São cortados, lixados e polidos para se transformarem nos instrumentos conhecidos pelo som grave e marcante. “Cada berrante tem um som diferente. Além disso, cada toque tem um significado. Pode servir para indicar para os peões que estão tocando a boiada saberem se é hora de almoçar, abrir a porteira, sair com a tropa, etc.”, explica Geraldo.
Cada peça é uma obra de arte e praticamente tudo é feito só com os chifres. O bico, o corpo do berrante e as “cintas”, que fazem a conexão de um chifre com o outro, são feitos pelas mãos do artesão. Para finalizar, Geraldo usa detalhes em couro. As peças podem custar de 180 a 800 reais, dependendo do tamanho. O que não falta é clientela.
Os berrantes de Geraldo Agrizzi são conhecidos no Brasil todo. Ele vende as peças para lojas de artigos country. A propaganda é feita no boca a boca. “O cantor Sérgio Reis é meu amigo e gosta muito dos meus berrantes e fala bem deles para todo mundo. Ele diz que é o melhor berrante do Brasil”, se orgulha Geraldo. Nas paredes das oficinas, as provas da popularidade dos trabalhos de Agrizzi. Ele tem várias fotografias em que aparece ao lado de artistas da música caipira, como Teodoro e Sampaio, Gino e Geno, Sérgio Reis e Almir Sater.
Por causa do sucesso do trabalho que realiza, o artesão recebe muitas visitas. Por isso, ele decidiu criar um espaço para expor suas peças. “Estou montando uma sala maior onde as pessoas poderão vir conhecer as peças, comer um aipim com café e conversar”, planeja Geraldo.
Para quem quiser fazer uma visita, a oficina fica no bairro Bananeiras, em Venda Nova do Imigrante, na altura do quilômetro 104 da BR 262, atrás de uma concessionária de automóveis.