segunda-feira,
25 de novembro de 2024

Semana Santa: Palmito Pupunha vira opção rentável para produtores de Domingos Martins

Foto: Tatiana Caus/Incaper

 

Os cafeicultores locais Izidoro Strey e João Paulo Pereira mostraram-se entusiasmados em dar início à produção de Pupunha. Eles receberão as mudas do Viveiro Municipal e as orientações do Incaper local.

A partir deste mês, produtores rurais assistidos pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) darão início ao cultivo de Palmeira Pupunha em Domingos Martins, região Serrana do Estado. Serão mais de 20 famílias rurais beneficiadas com a entrega de aproximadamente seis mil mudas de Palmáceas advindas do Viveiro da Prefeitura Municipal.

 

Para isso, na tarde desta terça-feira (27), o Incaper, via escritório local do município, juntamente com a Secretaria de Desenvolvimento Rural Municipal, realizou um encontro técnico com os produtores rurais que darão início a atividade a partir deste mês.

 

As mudas são advindas do Viveiro da Prefeitura Municipal que conta com a produção e distribuição de mudas diversas como, palmáceas – real, açaí, Jussara, Pupunha -, frutíferas – araçauna, abacate, pinha, ingá, pitanga, maracujá, etc. -, medicinais – alecrim, boldo, erva cidreira, hortelã, entre outras -, ornamentais e nativas.

 

Segundo a economista doméstico do Incaper local, Vera Lucia Martins Santos, o momento torna-se simbólico, uma vez que realizada às vésperas da Páscoa, onde há a procura pelo palmito, para fazer a famosa torta capixaba. “A região de Domingos Martins tem sido uma grande produtora de palmito. Nesse contexto, o nosso objetivo é introduzir uma cultura alternativa que possa agregar valor à renda familiar, proporcionar aos produtores o conhecimento do manejo e condução para o cultivo da Pupunha com acompanhamento técnico e despertar a consciência de sustentabilidade nos ecossistemas agrícolas, contribuindo para a conservação e a preservação dos recursos naturais”.

 

Estão entre as etapas do projeto, o preparo de substrato (enchimento das sacolas), aquisição de sementes, semeadura, transplantio, tratos culturais para o desenvolvimento da planta na propriedade, entrega aos produtores e todo o acompanhamento técnico dos plantios.

 

Na ocasião, os técnicos da Prefeitura Municipal, João Victor Dias de Santana e Joelmir Koehler, e do extensionista do Incaper, Raoni Ludovino de Sá, a respeito do plantio e manejo da Pupunha. 

 

Segundo o técnico Joelmir, a Pupunheira é uma planta perene que apresenta vantagens, tais como precocidade de corte, rusticidade, perfilhamento abundante, boa palatabilidade, além de apresentar uma oxidação lenta viabilizando a comercialização do produto in natura. “A viabilização da comercialização do palmito in natura por grupos de produtores rurais pode ser uma importante fonte de renda para os agricultores familiares, uma vez que o processamento não exige grandes investimentos e torna possível a venda do produto em mercados locais, como as feiras de produtores e nos grandes mercados também”, lembrou.

 

“Atualmente cerca de mil agricultores são envolvidos com a atividade, divididos entre os que plantam a Pupunha solteira, ou diversificada com outras culturas. Esse trabalho para o desenvolvimento de palmáceas já existe há alguns anos na região e em 2005 o Incaper contribuiu para a reestruturação do viveiro da prefeitura municipal, com a doação de sementes de palmeira Real, Açaí e Jussara, advindas das Fazendas Experimentais do Incaper de Venda Nova e de Jucuruaba, além da entrega de diversas plantas nativas”, contou o extensionista do escritório local do Incaper em Domingos Martins, João Miranda dos Santos.

 

Raoní lembrou que clima, fertilidade do solo, adubação e espaçamento irão determinar o início da colheita que, de uma maneira geral, ocorre entre 18 a 36 meses após o plantio de campo em Domingos Martins, a colheita tem sido realizada a partir do 2º ano, quando as plantas atingem o diâmetro de 9 cm a 30 cm do solo.

 

“A cultura tem mostrado respostas muito positivas à utilização da irrigação, especialmente em áreas onde há déficit hídrico ou mesmo em regiões onde as chuvas não são bem distribuídas. O palmito de plantas irrigadas tem se mostrado com qualidade superior em vários aspectos, destacando-se a sua palatabilidade e maciez”, acresceu.

 

Os cafeicultores locais Izidoro Strey e João Paulo Pereira mostraram-se entusiasmados em dar início à produção de Pupunha. “Além do café, eu tenho plantações de banana, gengibre, aipim e outras raízes. Introduzir o cultivo de Pupunha em minha propriedade me traz boas expectativas por ser mais uma alternativa de renda e por se tratar de uma produção sustentável. A pupunha também é uma espécie que tem capacidade de perfilhar, ou seja, continuar produzindo palmito”, disse João Paulo.

 

O servidor do Incaper e, atualmente, assessor de projetos da Vice Governadoria do Estado, Luiz Carlos Leonardi Bricalli, prestou apoio à todos os envolvidos na atividade. Ele reforçou a importância da inserção dos alimentos produzidos pela agricultura familiar no mercado varejista, que é fundamental para o sucesso nos negócios rurais.

 

Condições para um bom desenvolvimento da Pupunha:

 

Clima: tropical a subtropical com chuvas bem distribuídas (1800 mm/ano), com boa insolação e temperatura média de 21ºC. Não se desenvolve bem em áreas sombreadas. Em Domingos Martins chove em média 1500mm/ano, mas a cultura ainda é viável para plantio. Ou seja, pode variar de região para região.

 

Solos: os melhores são os solos profundos, bem drenados e de textura argilo – arenoso, com textura média, que são solos mais férteis e permitem produções precoces. É importante lembrar que o palmito pupunha não tolera solos encharcados.

 

Espécie: é uma planta rústica (simples) e que tem característica de perfilhar – que possuí perfilhos, que são ramos laterais que se desenvolvem. Existem variedades com espinhos e sem espinhos que é recomendada por facilitar o manejo e produzir o palmito sem pilosidade. As plantas adultas produzem frutos, que são o principal produtor de consumo na região Amazônica. Tais frutos são consumidos cozidos e é possível extrair o óleo desta palmeira.

 

Mudas: o plantio deve ser feito com mudas obtidas de viveirista idôneos, ou seja, qualificados, ou feita na própria propriedade através de sementes de origem conhecida e principalmente sem espinhos. Quando as mudas estiverem com 40 cm de altura, bem enfolhadas, com aproximadamente seis meses estarão aptas ao plantio que deverá ser feito preferencialmente em dias nublados e com chuvas.

 

Espaçamento: o espaçamento mais utilizado é o 2×1 m, obtendo cerca de 5000 plantas por hectare (ha).

 

Plantio: recomenda-se fazer análise de solo previamente. As covas devem ter de uma dimensão de 40 x 40 x 40 cm.

 

Adubação de manutenção e produção: deve ser feito de acordo com análise de solo e orientação técnica de um engenheiro agrônomo ou florestal, ou técnico agrícola de sua região. Na impossibilidade, uma recomendação geral pode ser seguida: três aplicações por ano de 100g por planta do formulado 20-50-20. Nesse sentido, é importante o uso de matéria orgânica a suplementação com cloreto de potássio, sulfato de amônia e superfosfato simples. A Pupunha responde bem a adubação de nitrogênio e potássio.

 

Da Pupunha aproveita-se quase tudo!

 

De acordo com informações do Instituto Brasileiro das Florestas, a o palmito Pupunha é rico em vitamina A e em amido (carboidratos) e pode ser consumido ao natural, cozido em água ou fermentado na água para refresco. Dele pode se obter vinho, vinagre, manteiga, azeite, além de uma excelente farinha para consumo ao natural ou o preparo de mingaus, bolos e outros pratos. Da polpa do Pupunha também preparam-se picles. Geralmente as folhas, o tronco, inclusive os frutos, são usados na ração animal.

 

Produtor rural, antes de optar pelo plantio, receba as orientações técnicas Incaper local de seu município para evitar futuros problemas. Para isso, cadastre-se e receba o acompanhamento técnico em sua propriedade. Domingos Martins: (27) 3268-2521.

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