Comunidades do município de Santa Maria de Jetibá destacam-se na produção estadual e nacional de chuchu. Somente a de Recreio produz 98% do chuchu capixaba. Em no âmbito nacional, ela contribui com praticamente 30% da produção do chuchu que chega à Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). E o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) tem orientado os agricultores da região na melhoria da qualidade e da produtividade.
O agricultor Dauber Henrique Thom, de Recreio, produz 12 mil caixas anuais de 22 kg. Sua produtividade é de 60 toneladas por hectare. Ele também cultiva café, mas o chuchu é o carro chefe de sua propriedade, e é uma tradição da família.
“Eu comecei a plantar chuchu por influência da minha avó e da minha mãe. Elas começaram a fazer parreiras na propriedade quando eu tinha 17 anos e fomos aprendendo com o tempo. Hoje vendemos um pouco para o mercado interno e a maior parte para o Estado de São Paulo”, contou Dauber.
Ele também disse que sua perspectiva agora é investir mais na produtividade, sem ampliar a área de plantio. “A produtividade ainda é baixa na área que temos. Estamos recebendo orientações do Incaper sobre como melhorar nossa lavoura”, afirmou Dauber.
Entre as principais dificuldades no cultivo do chuchu, segundo Dauber Henrique Thom, estão o controle de doenças e pragas e mão de obra para trabalhar em um terreno inclinado. “Trabalhar em uma área muito inclinada é um serviço muito cansativo. Temos dificuldade com mão de obra”, relatou.
De acordo com o extensionista do Incaper, Galderes Magalhães, o mercado do chuchu é muito exigente, o que faz com que os agricultores tenham que redobrar os cuidados com a lavoura. “O mercado exige que ele tenha a cor, o formato e a textura uniformes. São descartados os frutos que apresentam maior número de defeitos. Cuidados desde o plantio até a colheita são fundamentais para o sucesso da produção”, disse Galderes.
Orientações técnicas
De acordo com o extensionista do Incaper, o chuchuzeiro é uma planta herbácea que produz frutos durante todo o ano, desde que conduzido e manejado da forma adequada. Inicia-se a colheita 60 dias após o plantio, e ela dura por volta de 32 semanas. “Há necessidade de poda para continuar a produção de frutos sem o ataque de pragas e doenças, garantindo um chuchu de melhor qualidade”, falou Galderes.
O sistema de condução dessa planta é por parreira ou “jural”, de maneira que os frutos fiquem suspensos. “No chão, os frutos perdem a qualidade. Ficam brancos e com grande incidência de doenças, devido ao excesso de umidade”, explicou o extensionista.
Para conseguir êxito na produção de chuchu, o primeiro passo é fazer uma análise de solo da área de plantio na propriedade. “O PH precisa estar próximo de sete para que a planta absorva o máximo possível de nutrientes. De acordo com o resultado da análise, serão feitas as recomendações de adubação e calagem. O bom preparo da cova é essencial para garantia de uma planta saudável e consequentemente de produção de frutos com qualidade”, disse Galderes.
Outra orientação importante é que o agricultor escolha o melhor fruto para usar como muda. Ele deverá possuir todas as características físicas ideais para a variedade. Nesse caso, ter massa variando de 250g a 450g, cor verde clara, formato periforme, e principalmente, ser oriundo de uma planta vigorosa, sadia e produtiva.
Passados 15 dias depois do plantio, é realizada uma adubação verde, com aveia preta, com intuito de formar uma cobertura morta sobre o solo, a fim de inviabilizar o desenvolvimento de plantas espontâneas e garantir a manutenção da umidade do solo, o que reduz a demanda de água pela planta.
Depois de dois meses, realiza-se a adubação de cobertura com esterco de galinha. “O tipo de solo ideal para plantio do chuchuzeiro é o aerado, com boa drenagem”, falou o extensionista. No que se refere à irrigação, podem ser utilizadas os seguintes métodos: por aspersão, microaspersão, gotejamento e por sulcos. Na comunidade de Recreio, devido à declividade, são utilizadas as duas primeiras.
“É preciso deixar claro que as técnicas tradicionais utilizadas pelos agricultores de Recreio estão dando certo, considerando suas especificidades, como a declividade de 35 a 40% nas áreas onde ocorrem a maioria dos cultivos. As recomendações estão sempre em consonância com as técnicas já utilizadas, tendo em vista a garantia de produtividade e dos valores culturais passados de geração a geração”, explicou Galderes.