Recomendações técnicas sobre o cultivo da tangerina ponkan aliadas a orientações sobre posturas corporais do agricultor no momento da colheita foram os destaques do Dia de Campo realizado na comunidade de Boa Esperança, em Marechal Floriano. A atividade foi promovida pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em parceria com a Prefeitura Municipal na última quarta-feira (21).
De acordo com o pesquisador do Incaper e coordenador do Polo de Tangerina, Sebastião Gomes, os aspectos relacionados à saúde do trabalhador são fundamentais para a adoção das tecnologias. “Sem a saúde, o agricultor não avança na sua produção. Por isso, além dos aspectos relacionados à sanidade do pomar, destacamos a orientação corporal como um elemento importante nesta atividade, tendo em vista que é época de colheita da fruta”, afirmou.
A coordenadora de Fisioterapia, Jaqueline Feres, afirmou que os principais problemas causados pelos movimentos feitos de forma inadequada pelo agricultor e pela sobrecarga de peso são as tendinites, lombalgia, lesão por esforço repetitivo, artrite e dores musculares.
“O ideal é que a caixa de tangerina que o agricultor carrega pese de 10 a 20% de seu peso corporal. Atualmente, essas caixas pesam 27 kg, o que gera uma sobrecarga de peso”, falou Jaqueline. Ela também disse que, para levantar a caixa com tangerina, o agricultor deve agachar, distribuindo o peso nos joelhos e nas pernas, e aproximar a caixa do corpo para ficar em pé, o que evita que ele force a coluna.
Na ocasião, a fisioterapeuta também apresentou exercícios de alongamentos para serem feitos antes e depois da colheita. Foram sugeridos exercícios para as áreas mais comprometidas com a sobrecarga de peso, como punho, ombro, braços e coluna.
Além das orientações sobre a postura corporal na colheita, o Dia de Campo também apresentou informações sobre o uso, segurança e manutenção de equipamentos, com representante da Difemaq – Máquinas e Ferramentas de Marechal Floriano.
Controle de pragas e doenças
As alternativas de controle às principais pragas e doenças que atingem os pomares de tangerina, entre as quais destacam-se a mosca das frutas, o ácaro de leprose, o mofo cinzento e a mancha de alternária, também fizeram parte da programação.
De acordo com o pesquisador e entomologista do Incaper, José Salazar Zanúncio Junior, existem alternativas sustentáveis para o controle de pragas e doenças. “É preciso inverter o pensamento. O controle químico deve ser a última alternativa e não a primeira para controlar pragas e doenças na lavoura. Por meio do manejo do pomar e de outras ações simples, é possível controlar e até eliminar as pragas”, afirmou.
“Caso haja dúvidas sobre que pragas e doenças atingem as lavouras, o agricultor pode encaminhar as amostras colhidas em sua propriedade para os laboratórios de entomologia e fitopatologia no Centro Regional de Desenvolvimento Rural Centro Serrano, em Domingos Martins, para que sejam devidamente identificadas. Dessa forma, o agricultor poderá ser orientado sobre a forma de controle das doenças e pragas”, afirmou o pesquisador e fitopatologista do Incaper, Helcio Costa.
A agricultura Lucília Klippel disse que conseguiu eliminar a mosca da fruta de sua propriedade há cinco anos, a partir da orientação do Incaper. “Usei as armadilhas para controle de pragas e melhorou muito. Agora preciso colocar em prática a forma de controle do ácaro da leprose”, falou.
O estudante da Escola de Ensino Fundamental Victório Bravim, Wiliam Klippel, de 14 anos, disse que aprendeu muito com as orientações técnicas. “Aprendi um método para eliminar de forma fácil e barata pragas e doenças. Podemos usar na nossa propriedade e na dos vizinhos”, comentou.
Polo de Tangerina no ES
O Polo de Tangerina do Espírito Santo engloba 16 municípios e 1.300 produtores. De acordo com o coordenador do polo, Sebastião Gomes, ocorreram muitos avanços na produção da fruta desde a criação do polo em 2010. “Houve um grande avanço na socialização de tecnologias e informações. O produtor tem aderido às técnicas recomendadas. A tangerina tem se consolidado como uma alternativa de diversificação na propriedade rural”, destacou.
Ele também disse que a área de cultivo de tangerina também tem aumentado. “A tangerina é uma fruta rica em vitamina C, por isso é muito procurada pelos consumidores para evitar gripes e resfriados. Também é uma fruta fácil de consumir. Tem sido introduzida, inclusive, na alimentação escolar”, disse Sebastião.
Como meta do Polo de Tangerina, além da continuidade a atividades de socialização de informações e orientações, é implantar uma Unidade de Beneficiamento de Citrus, em Venda Nova do Imigrante, uma parceria entre o Governo do Estado e a Prefeitura Municipal.
“O galpão da unidade está em fase final de construção. Posteriormente, serão adquiridas máquinas para fazer o beneficiamento, ou seja, para conservar as frutas para que possam ser transportadas por longos períodos, o que agrega valor ao produto”, explicou.
A comercialização da tangerina ponkan no Espírito Santo é feita na Ceasa, redes de supermercados e lojas; e para os estados do Rio de Janeiro e Nordeste.