terça-feira,
22 de outubro de 2024

Agricultora Lucília Littig Klippel de Boa Esperança, Marechal Floriano, destaca-se pela grande atuação na colheita

Notícia Capixaba.

Elas representam cerca de metade da população que vive no meio rural no país. De acordo com dados de 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 47,9% da população do campo no Brasil é formada por mulheres. No âmbito do trabalho na agricultura, elas são responsáveis, em sua maioria, pelo trabalho dentro de casa, nas lavouras e, em muitos casos, no gerenciamento dos negócios, sobretudo nas agroindústrias. As mulheres estão presentes no dia a dia da agricultura e têm contribuído muito para o desenvolvimento rural do Espírito Santo e do país.

De acordo com a responsável pela Secretaria de Mulheres da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Espírito Santo (Fetaes), Ediane Barbosa, as mulheres sempre contribuíram para o crescimento da agricultura familiar, impulsionando a permanência das famílias no meio rural. No entanto, nem sempre esse trabalho foi reconhecido.

“Embora a mulher esteja presente desde os primórdios da vida camponesa, exercendo seu papel de mãe, esposa e lavradora, seu papel vivia no anonimato. No entanto, com muitas lutas ao longo dos séculos, as mulheres no meio rural têm alcançado visibilidade e espaço no seu contexto social”, explica Ediene.

A economista doméstico do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Jacinta Cristiana Barbosa disse que o trabalho das mulheres nas atividades agrícolas ou não agrícolas ainda é identificado como ajuda ou ação complementar. Porém, mudanças no âmbito das políticas públicas têm contribuído para mudar esse cenário. “Estamos em processo de mudanças nesse sentido, pois algumas políticas públicas têm como foco a segurança alimentar visando à valorização e resgate dessas atividades realizadas por mulheres. O rural passa por um momento de conquistas, de agregação de valor, de percepção da gama de atividades produtivas que vão além da produção agrícola, de valorização e visibilidade do papel da mulher nas atividades rurais, sejam elas estritamente agrícolas ou não”, avalia Jacinta Cristiana.

As mulheres rurais, além de serem responsáveis pelo trabalho doméstico, participam dos cultivos agrícolas. Nesse caso, a suposta “fragilidade feminina” apresenta-se como um mito. A senhora Lucília Littig Klippel, da comunidade de Boa Esperança, em Marechal Floriano, destaca-se pela grande atuação na colheita dos produtos que cultiva com a família. Em sua propriedade, há 40 mil pés de café, 5.600 de tangerina e 2 mil de banana.

“Em época de colheita do café e tangerina, acordo às cinco da manhã para fazer o café e o almoço para levarmos para a roça. Trabalho com meu marido e meus dois filhos, não temos empregado. A mulher no meio rural aguenta sim a enxada, a peneira, a foice. Não fica pra trás em nada em relação aos homens. A diferença é que ainda tenho o trabalho dentro de casa”, conta Lucília.

O amor de Lucília pela agricultura é conhecido e reconhecido. No ano de 2005, ela participou do Concurso de Melhor Peneirador de Café, na comunidade de Santa Maria, em Marechal Floriano. “Concorri com 20 homens e quatro mulheres e fiquei em primeiro lugar. Esse concurso avalia quem é mais rápido e limpo na hora de peneirar. Não tem a ver com força, mas com jeito. Me senti muito feliz com o resultado, pois não é porque somos mulheres que não conseguimos fazer igual, ou até mesmo melhor que os homens, esse tipo de trabalho”, conta Lucília.

Lucília vence concurso de melhor peneirador de café, na comunidade de Santa Maria, Marechal Floriano.

Além do destaque no trabalho doméstico e na lavoura, Lucília ainda canta no coral, corta cabelos e toca acordeão. Ela disse que aprendeu a tocar o instrumento quando era criança e o gosto pela música permanece até hoje. “Aprendi a tocar sozinha. Toco em casamentos, pequenos eventos e festas juninas. O acordeão é uma maneira de alegrar o dia a dia”, diz Lucília.

 
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