Redação
A Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim pediu socorro na reunião extraordinária da Comissão de Saúde realizada nesta terça-feira (16). No encontro virtual, a equipe à frente da gestão do hospital centenário falou sobre o endividamento e a dificuldade de manter o atendimento, que é essencial para a região sul do Estado.
De acordo com dados apresentados pela superintendente da instituição, Marinete Tibério, o hospital possui atualmente 210 leitos, sendo 180 exclusivos para o sistema único de saúde (SUS). A Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim, com 121 anos de existência, é um hospital de referência para o sul do Espírito Santo, atendendo a 27 municípios capixabas para emergência, cirurgia geral e trauma.
Tabela do SUS
A superintendente frisou que a maior parte do atendimento é para a rede pública de saúde. “Até antes da pandemia, o SUS representava 74% do nosso atendimento. Hoje, estamos atendendo 88% de SUS e apenas 12% para convênio e particular. Essa mudança aconteceu em função da abertura de um outro hospital. E isso gerou também um impacto para a instituição porque sabemos que a tabela de repasse do SUS está defasada há muitos anos. Com isso, nossa receita não consegue cobrir nossas despesas. Ao longo dos anos essa bola de neve só cresce”, disse a gestora.
Também participaram da reunião o vice-presidente da instituição, Dimas Magnado, e os conselheiros Valdecyr Roberte Viguini e José Amarildo Permanhani. Segundo a equipe, no ano passado, a instituição realizou quase 10 mil cirurgias, 18 mil consultas médicas, 57 mil atendimentos no pronto-socorro. “Mesmo com a pandemia e a suspensão de muitos procedimentos por alguns meses, nossos números se mantiveram altos. E vale lembrar que a Santa Casa foi, durante os primeiros meses de pandemia, o único da região referência para a Covid-19. Se não fosse a Santa Casa, o Espírito Santo precisaria abrir hospitais de campanha”, destacou Marinete Tibério.
O presidente da Federação dos Hospitais Filantrópicos do Espírito Santo (Fehofes), Fabrício Gaeede, destacou que a situação da Santa Casa também atinge outros hospitais filantrópicos e que o custo para a manutenção da estrutura do hospital é alto.
“A Santa Casa de Cachoeiro de Itapemirim faz um atendimento importante de trauma, por exemplo. É um atendimento caro porque depende de uma equipe especializada 24 horas dentro do hospital, tendo demanda ou não. Uma opção hoje é fechar o atendimento de trauma. Mas quem vai atender a essa demanda? A situação da Santa Casa, e dos outros hospitais filantrópicos de maneira geral, é delicada. Não adianta alegar que eles têm isenções fiscais… no final do mês, a conta não fecha”, ressaltou Gaeede.
A reunião foi solicitada pelo deputado Theodorico Ferraço (DEM), mas ele não participou do encontro virtual. O deputado Doutor Hércules (MDB), presidente do colegiado, falou sobre sua vivência pessoal no hospital e pediu uma nova reunião com a participação de Ferraço e outros deputados da região.
“Entrei na Santa Casa de Cachoeiro de Itapemirim com 21 anos, lavando o chão do hospital, e saí da Santa Casa como médico. Um pedaço da minha vida foi nesse hospital. Fico muito triste de ver a instituição nessa situação delicada. Precisamos unir força para ajudar a manter esse trabalho tão importante. Vamos seguir com essa mobilização”, disse Doutor Hércules.