Redação
Em júri realizado em Aracruz, a Justiça acatou o pedido do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), formulado pela Promotoria de Justiça Criminal de Aracruz, e sentenciou Carlos Henrique da Silva Conceição, vulgo “Sombra da Morte”, e Kessi Diones Oliveira da Silva, vulgo “Ciclone”, às penas máximas pelo assassinato de Rodrigo Ribeiro Rosário. Também por envolvimento e participação no crime, foi apreendido um adolescente, que cumprirá Medida Socioeducativa. Carlos Henrique foi condenado a 53 anos de reclusão e ao pagamento de 1.560 dias multa. Já Kessi Diones recebeu a pena de 35 anos de reclusão. Ambos terão de iniciar o cumprimento da pena em regime fechado.
O crime chamou atenção pela alta periculosidade dos envolvidos e pela forma e frieza como se apresentaram em juízo. O réu Carlos Henrique confessou a prática criminosa em juízo, alegando que é traficante e que ganhava em torno de R$ 5 mil a R$ 6 mil por semana. Mesmo assim, foi defendido por advogado dativo, ou seja, não pagou pela defesa e o Estado teve que custear os valores, cerca de R$ 2 mil para cada defensor. Ao ser questionado por que não contratou um advogado, vez que “ganha” tão bem, onerando o Estado, Carlos Henrique respondeu que é réu confesso e que não iria gastar dinheiro com isso.
O “Sombra da Morte” disse ainda que cometeu diversos crimes e que tinha uma arma que era usada para matar. Até então, tinha apenas uma condenação por porte ilegal de arma de fogo, justificando que nunca foi pego por outros atos ilegais. O Tribunal do Júri do caso foi realizado no dia 23 de fevereiro.
Entre as declarações em juízo, Carlos Henrique confessou ter matado Rodrigo, que estava em uma cadeira de rodas quando foi assassinado, em razão ser paraplégico devido a uma tentativa anterior de homicídio. Revelou ainda que as drogas apreendidas com ele se destinavam ao tráfico e que a pistola, calibre .380 apreendida, estava com ele há aproximadamente dois meses, tendo sido comprada em Governador Valadares, Minas Gerais, por cerca de R$ 3 mil.
Sombra da Morte explicou também a motivação do crime. De acordo com o relato, ele teria chegado à cidade de Aracruz quatro meses antes e abriu a própria banca para venda de drogas, o que refletiu no movimento ilícito, afetando as vendas comandadas por Rodrigo Ribeiro Rosário. Ressaltou que Rodrigo estava “atravessando”, ou seja, vendendo drogas em sua “área”. “Ele ficou sabendo que eu estava vendendo droga e, umas duas ou três semanas, o movimento começou a enfraquecer. A quantidade de drogas que eu estava vendendo passou a abaixar, foi o que me levou até ele”, contou.
Execução
Ao ser perguntado se houve algum contato prévio com a vítima, o agora condenado foi categórico: “Na primeira vez que fui à casa dele, já piquei o pé na porta, chamei pra poder matar e não achei. Na segunda, só fui pra matar mesmo”. Já em relação à execução, Sombra da Morte, ao ser questionado também respondeu friamente, assumindo o crime. “Eu estava em casa e do nada eu fui, por volta das 15 horas, dar uma volta. Por coincidência, vi ele na frente de casa. Fui lá e matei”.
Por sua vez, Kessi Diones (Ciclone) e o adolescente deram cobertura a Carlos Henrique e o auxiliaram a praticar o homicídio. Ambos estavam no local do crime e de lá se evadiram em uma motocicleta, pilotada pelo adolescente, em direção a João Neiva, quando foram interceptados pela polícia. Ciclone usava a mesma roupa descrita por testemunhas como sendo a da pessoa envolvida no crime.
Após ser preso, Kessi Diones levou a Polícia até a casa de Sombra da Morte, onde foram encontradas drogas e a arma do crime. Ciclone já possuía mandado de prisão em aberto pelo tráfico de drogas em Barra de São Francisco. Ele estava foragido do sistema prisional de Colatina, pois teve direito à saída temporária do Dias dos Pais, conhecida como “saidinha”, e nunca retornou ao presídio. Sombra da Morte, por sua vez, já teve a prisão decretada em ocasião anterior, por tentativa de homicídio qualificado em Linhares.