Redação
Tumores cancerígenos nas mama, aparelho respiratório – traqueia, brônquios e pulmões – e próstata estão entre os que mais matam no Brasil e no Espírito Santo, segundo dados consolidados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão do Ministério da Saúde (MS) e levantamento preliminar da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).
Os cuidados passam pela prevenção, tratamento clínico e terapêutico, além de atenção aos hábitos alimentares. Com o intuito de educar e conscientizar a população mundial sobre a importância do enfrentamento à doença, no ano 2000 a União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), instituiu 4 de fevereiro como o Dia Mundial do Câncer.
Espírito Santo
De acordo com dados preliminares, ainda em fase de processamento, do Sistema de Informação de Mortalidade Estadual da Sesa, em 2020, 4.109 mortes tiveram como causa o câncer no Espírito Santo, enquanto que em 2019 o total chega a 4.759 óbitos pela doença. Abaixo, os números mostram mortes causadas pela doença, levando em conta a localização inicial do tumor e sexo do paciente, sem especificar o ano da ocorrência.
Quando feito o recorte de gênero dos dados mais recentes, de 2018, a respeito das mortes provocadas por câncer no país, os tipos de tumores mais letais entre os homens são na traqueia, brônquios e pulmões, seguidos por próstata, cólon e reto.
Conforme os dados do Inca/MS, entre as mulheres o câncer de mama é o que mais mata. Traqueia, brônquios e pulmões vêm em seguida. Tumores no cólon e reto aparecem como a terceira principal causa de óbito.
Pandemia
Mesmo no contexto da pandemia, com as recomendações de isolamento social e do cumprimento das demais medidas de prevenção ao novo coronavírus, os profissionais da área de oncologia orientam que o tratamento não seja interrompido. “Os tratamentos em curso nunca devem ser interrompidos. A chance estatística de dano pela infecção pela Covid-19 é menor do que pelo câncer”, afirma a oncologista clínica da Neon, clínica especializada no tratamento do câncer, Kítia Perciano.
O novo cenário, no entanto, impôs alterações nos protocolos. De acordo com a especialista, atrasos no diagnóstico e no início do tratamento, além de redução das visitas médicas são algumas das consequências da emergência de saúde. Perciano ainda relata “estresse e depressão relacionados com o isolamento social”, entre outras complicações por conta das infecções pela Covid-19.
Nayara Marchezi, psicóloga da Associação de Apoio no Combate ao Câncer de Vitória (AACC), reitera a necessidade de uma nova postura, tanto do paciente quanto dos profissionais envolvidos. A pandemia impôs a redução do contato físico; por isso as sessões presenciais foram substituídas pelo contato remoto, via telefone ou ferramentas das redes sociais.
“Os pacientes oncológicos, por estarem no grupo de riscos e, consequentemente, mais vulneráveis, precisaram de maior rigor nos cuidados. As incertezas e dificuldades encontradas no decorrer das fases da pandemia acabaram contribuindo para o surgimento de sintomas relativos à ansiedade, estresse, medo, depressão, dentre outros”, relata Marchezi.
As estimativas do Inca apontam a ocorrência de cerca de 625 mil novos casos de câncer a cada ano do triênio 2020/2022. Os números para 2020 são replicados nos anos de 2021 e 2022, de acordo com a metodologia atual do MS, que considera o câncer como uma doença crônica sem relevantes mudanças em seu perfil num curto período.
A seguir, as estimativas das autoridades de saúde para o Espírito Santo e para o Brasil de novos casos por tipo de tumor para o período.
Enfrentamento
Os profissionais de oncologia recomendam exames preventivos e tratamento imediato caso o paciente seja diagnosticado com a doença. “Quanto menos avançado o câncer, maior é a chance de cura. Quando surgem as metástases, que é quando o tumor sai do órgão onde foi originado (localização primária) e cresce em outros órgãos, as chances de cura são bem menores”, enfatiza Kítia Perciano.
Hábitos alimentares saudáveis e cuidados com a saúde são recomendações básicas para evitar a presença de tumores no corpo, lembra Perciano. “Alimentação saudável, manutenção do peso ideal e atividade física. O aumento progressivo de peso durante a vida é o principal fator de gênese do câncer. Há alimentos sabidamente cancerígenos: embutidos, defumados, processados e queimados”, enumera.
A oncologista acrescenta outras causas para a presença dos tumores que não necessariamente estão ligadas à alimentação. “Alguns fatores tornam as pessoas mais vulneráveis ao câncer, como a idade, o tabagismo, obesidade, sedentarismo. Em 10% dos casos há fatores genéticos”, aponta ao relacionar motivos associados à doença.
Para cada ano do triênio 2020/2022 o Inca estima o aparecimento de mais de 316 mil neoplasias em mulheres. Já para os homens, o órgão do Ministério da Saúde aponta quase 310 mil novos casos.
Câncer infanto-juvenil
A estimativa é de aparecimento de 130 novos casos de tumor cancerígeno na faixa etária de 0 a 19 anos para cada ano do triênio 2020/2022 no Espírito Santo, sempre de acordo com o Inca.