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Redação
Nascido em 23 de janeiro de 1973, Governador Valadares/MG, aos 12 anos de idade veio com toda a família para Vitória/ES realizar o sonho do pai de estudar na Escola Técnica Federal (ETFES). Com determinação, estudou mecânica na ETFES e iniciou seus estudos de Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Espírito Santo. Foi aprovado na 10ª colocação para o Curso de Formação de Oficiais (CFO), iniciado em 15.07.1993, declarado Aspirante a Oficial em 1995. É filho de Cabo da PMMG e isso influenciou na sua decisão em seguir a carreira militar. Atualmente, ocupa o posto de Coronel na Instituição Polícia Militar do Espírito Santo. Está casado há 23 anos com a Srª Sammya Lislley, com a qual possui 02 filhas, Julia Lislley e Ana Beatriz.
O que te levou a tomar a decisão em ser policial?
Coronel Muniz- A decisão de me tornar policial foi absolutamente pragmática! Por acaso, ao ler o edital da prova para o CFO no jornal, eu tive vontade de me inscrever. Falei para o meu pai sobre a possibilidade de ser policial. Ele, apesar de num primeiro momento falar para continuar a carreira de engenharia mecânica, ficou imensamente feliz ao saber que eu fiz a inscrição. Sempre admirei o meu pai e o apoio dele foi fundamental para que eu pudesse ingressar na carreira militar. Tenho lembranças dele fardado saindo para trabalhar, também me lembro de quando ele me levava para ver o treinamento físico militar dentro do quartel. Eu sempre gostei de gente, de lidar com as pessoas, e não poderia ter escolhido uma profissão melhor.
O que foi mais desafiador nessa caminhada até chegar ao posto máximo da PMES, de Coronel?
Coronel Muniz- Nesses 28 anos de PMES fui muito abençoado com as equipes com que trabalhei. Eu sempre digo: “é muito bom trabalhar com gente que é melhor que a gente”. Foi desafiador o caminho percorrido ao longo da carreira e posso citar o início dessa caminhada trabalhando na antiga Companhia de Policiamento Florestal, hoje Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), e perceber a importância da nossa instituição para o meio ambiente. Quando trabalhei no sistema prisional foram muitos desafios e dificuldades, dado à complexidade das demandas. Atuei um tempo no Serviço de Inteligência (DINT), de 2005 a 2007. Passei um tempo no antigo COPOM, depois, como Capitão, fui transferido para a 6ª Cia Independente (Domingos Martins), em 2007, e permaneci nessa unidade até 2014. Retornei para a capital, Vitória, e atuei novamente na Diretoria de Inteligência, já no cargo de Tenente Coronel. Tive uma experiência na Diretoria de Comunicação Social, de 2017 a 2018, que foi um tempo importante para revigorar a credibilidade da Instituição. Quando fui promovido, em 2018, ao Posto de Coronel, assumi o Comando do CPO Serrano e lá permaneci até 2020, trabalhando com uma equipe maravilhosa, capacitada, que sabe o que fazer, obediente àquilo que é prioridade. E dei continuidade aos excelentes trabalhos realizados pelo Coronel Martinelli e Coronel Marin.
Conte-nos um pouco de sua trajetória como Comandante do CPO Serrano.
Coronel Muniz- Por eu conhecer a região de montanhas, posso dizer que as características regionais são muito fortes, e o objetivo quando assumi o comando em 2018 era a manutenção adequada e mais profissional possível dos serviços de atendimento à comunidade. Tivemos um up grade nas escalas ISEO e, nesse sentido, intensificamos as operações policiais; atuamos em parceria com outros órgãos de Segurança Pública; buscamos incentivar o patrulhamento rural com visita tranquilizadora às propriedades rurais e visita da Patrulha Maria da Penha às mulheres vítimas de violência doméstica; tivemos o cuidado em planejar e executar as operações em eventos. Destaco o apoio importante de todos os Comandantes Gerais que estiveram na gestão da PMES nesse período que eu comandei o CPO Serrano e faço o meu agradecimento aos Comandantes de Unidades do 14° BPM, da 2ª, 6ª e da 8ª Cia Independente.
Como é comandar uma Unidade tão estratégica para a PMES como a Diretoria de Inteligência- DINT?
Coronel Muniz- Tenho a honra em substituir o Coronel Marin nesta Diretoria e poder dar continuidade ao trabalho dos antecessores. Uma satisfação também retornar à DINT, conheço as peculiaridades do serviço. Temos o objetivo de assessorar nosso Comandante Geral a nível estratégico e subsidiá-lo com dados e informações que contribuam para que ele tome as decisões mais adequadas à Instituição. Esperamos corresponder com muito trabalho e lealdade, contando com a competência da equipe. No campo tático e operacional, através das nossas agências, o objetivo é de auxílio primordial aos Comandos de Polícia e às Unidades Operacionais, nas ações de prevenção ou de enfrentamento à violência, para prestarmos um bom serviço à sociedade capixaba.
Ao passar por diversas unidades em sua trajetória profissional, quais os principais fatores que contribuíram para o senhor ter superado diferentes desafios?
Coronel Muniz- É uma característica da nossa formação: o conhecimento amplo da PMES. Atuamos em várias atividades! Numa situação, estamos dando a mão para uma criança na rua, em outra, estamos em confronto com pessoas de alta periculosidade. No meu caso, pontuo em 1ª lugar a formação policial que nos orienta nesse sentido, em 2° lugar, fui abençoado com boas equipes que trabalharam comigo. É importante ter humildade em dizer que a gente não sabe tudo. O aprendizado é todo dia. A forma de contribuir com a equipe é através de minha experiência profissional, entender e perceber as coisas que nos cercam. E, acima de tudo, confio na graça, na soberania de Deus e em seu amor por nós, bem como, no apoio fundamental de toda minha família.
O que inspirou o Senhor a lançar o informativo, enquanto Comandante do CPO Serrano?
Coronel Muniz- Na época, recebi o Informativo do CPOM, através do Coronel Alessandro Juffo Rodrigues, e achei importante e muito bem elaborado. Pensei que também poderíamos fazer um informativo da região serrana. Com isso, enviei mensagem para ele, então Comandante do CPOM, e falei sobre reproduzir essa ideia bacana e com uma tônica diferente para a região do CPO Serrano. Dessa forma, fizemos o nosso informativo com um perfil um pouco diferente, mais leve, com informações úteis, turísticas, sendo que a equipe do editorial (composta pela Sargento Kely Limão, Cabo Dayane e Cabo Gleicy) foi aperfeiçoando a cada edição.
Que mensagem gostaria de transmitir para os leitores do Informativo Segurança nas Montanhas?
Coronel Muniz- Meu profundo agradecimento aos leitores policiais militares, moradores e turistas da região serrana, especialmente de Venda Nova do Imigrante, local de nossa sede, as representações da comunidade, as autoridades eclesiásticas, todas elas, aos poderes públicos municipais que tiveram muito respeito conosco, demandando sempre o que é de interesse da população dos 18 municípios. Minha sincera gratidão a todos!
O que o senhor aconselharia ao nosso leitor que sonha em entrar nas fileiras da PMES?
Coronel Muniz- O que eu poderia aconselhar em relação à profissão policial militar é ter alegria e satisfação no trabalho, pois uma das coisas que nos faz realizados é o contentamento! Eu, particularmente, sou realizado na profissão, porque todos os dias eu busco melhorar a vida das pessoas, então, se você quer ter uma profissão com esse viés, de forma a salvar vidas, a orientar e reorientar caminhos, você escolherá a profissão correta. A profissão policial militar é desafiadora, cheia de percalços, não é um mar de rosas, mas isso tudo é sublimado exatamente nessa perspectiva de prestação de serviço à comunidade. É importante salientar que prestar um bom trabalho é a essência do serviço público. Ser policial não é ser um serviçal, não é ser um sacerdote, nada disso, o policial militar é um profissional de Segurança Pública que precisa ter no coração e mente o desejo de fazer o bem e melhorar a vida das pessoas. Isso gera contentamento.
Houve alguma situação na sua vida profissional/pessoal que o senhor poderia citar?
Coronel Muniz- A maior batalha da minha vida foi em 2019, quando recebemos o diagnóstico da doença que acometeu minha filha quando ela tinha 13 anos de idade. Doença que poderia tê-la levado a óbito, câncer de ovário, agressivo com prognóstico terrível. A gente tinha que cuidar, mas não poderia deixar o serviço parar, então, foi fundamental o apoio da equipe com que eu trabalhava. Não tenho palavras para agradecer a toda equipe do CPO Serrano, aos meus Comandantes e a toda família policial militar. Após 01 ano de tratamento, 04 cirurgias, centenas de injeções, 30 quimioterapias, dezenas de exames de imagem, minha filha, Ana Beatriz, está saudável, segue a vida cheia de expectativas, com muita alegria no coração e feliz porque estaremos juntos comemorando o final de ano.
A entrevista foi elaborada pela equipe do editorial do Informativo do CPO/Serrano