Redação
O Hospital Antônio Bezerra de Faria (HABF) realizou, nos dias 18 e 19 de abril, as primeiras captações de órgãos da instituição em 2023. Pacientes que aguardam novo ciclo de vida na fila de transplante de órgãos serão beneficiados com quatro córneas. O procedimento de captação foi realizado por uma enfermeira do Banco de Olhos do Hospital Evangélico de Vila Velha.
Para a enfermeira Adriana Duarte, coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) do HABF, a captação reflete o engajamento da comissão com as equipes da instituição.
“O trabalho da Cihdott precisa começar quando o paciente entra no hospital e, a partir daí, passamos a acompanhar toda a trajetória dele na instituição. Com exceção das questões culturais, o acolhimento da instituição é o que mais influencia o consentimento da família pela doação”, disse Adriana Duarte, acrescentando que, no Brasil, o transplante só acontece com a autorização de um familiar do doador.
A comissão, ainda segundo a enfermeira, precisa mostrar para a família que o paciente recebeu toda a assistência possível do hospital. “Quando a família percebe que todo o possível foi feito, como a organização do dia a dia, de processos, exames, a higienização do ambiente, pesquisas mostram que há grandes chances para a autorização da captação. Uma família que chega ao leito e percebe o cuidado e o empenho da equipe no atendimento pode ter uma aceitação melhor na abordagem para a captação”, ressaltou a enfermeira.
Adriana Duarte destacou ainda que, quando a família tem a percepção do trabalho e do esforço assistenciais em benefício do paciente, o hospital evita a desconfiança dos familiares, como se o paciente só tivesse valor após o óbito. “Quando há essa percepção de que agora, no pós-morte, ele tem valor é porque faltou alguma coisa ao longo da internação”, apontou.
A coordenadora da Cihdott do HABF explicou que esse resultado foi obtido após uma reorganização dos processos da comissão. “Abrimos mais a comissão para quem quiser ir além de suas obrigações profissionais cotidianas e se engajar nessa causa. Sabemos que é difícil. Fizemos treinamento sobre a ficha de notificação de óbito, documento importante que vai apontar se o indivíduo é viável ou não para a captação. Reorganizamos para a comissão ajudar quem está na ponta, fazendo a assistência”, disse.
Ela pontuou ainda que o trabalho de captação de órgãos evidencia a responsabilidade social da instituição. “O hospital é uma ponte que comunica dois ciclos: um que está se encerrando e outro que está recomeçando, e recomeçando com qualidade de vida”, refletiu Adriana Duarte.
A córnea é um tecido transparente que fica na parte da frente dos olhos. Se a córnea se danifica por doenças, lesões ou infecções, a pessoa pode ter a visão bastante reduzida ou até perdê-la, sendo necessário o transplante do tecido doente pelo sadio. Cada doação beneficia duas pessoas na fila de transplante.