quinta-feira,
21 de novembro de 2024

Coluna Pinga-fogo: Peças no tabuleiro. Jogo a ser jogado em Marechal Floriano

A eleição ainda está longe de começar, mas as costuras e mexidas no tabuleiro eleitoral de Marechal Floriano seguem aquecidas. Há tentativa de busca de apoio a partidos, procura e definições sobre o vice ideal e disputa por apoio do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), no município onde é o bolsonarismo que escolhe a música que quer dançar.

Por outro lado, há as traições e possíveis recuos de pré-candidatos a prefeito. O fechamento do prazo de filiação revelará muito sobre o desfecho desse ‘tango florianense’. 

A eleição é municipal, porém os grandes apoiadores influenciam na plataforma de cada pré-candidato. Tem bolsonarista raiz e bolsonarista tentando ficar no armário, para não espantar o eleitor do outro lado. 

Há também o governador, Renato Casagrande (PSB) que já está mais próximo do município e entrega muito na cidade, mas o grande padrinho é Cacau Lorenzoni, que fez história ao ser o único prefeito com quatro mandatos à frente do Executivo e é o cabo eleitoral mais importante deste pleito. Sua influência, junto ao eleitor, ‘vale ouro’ no mercado político local.

Possível recuo

O nome de João Cabral (PSDB) é dado como certo nos corredores das repartições, como candidato à Câmara Municipal. Alguns fatores podem reforçar essa tese, pois o vice-prefeito não conta com o apoio de Cacau para sua sucessão. Aliado do governo Lula, Cabral vê o partido do presidente fortalecendo, cada vez mais, sua pré-candidatura própria, o que retira dele a chancela de candidato do Governo Federal.

Mais agravante é a inviabilização de uma chapa de vereadores, sem muita adesão, se viesse candidato a prefeito, talvez seria apenas ele e o vice, sem chapa de vereadores. Na disputa para a Câmara, não se sabe com quem ele irá selar aliança, mas a certeza é de que não será com o PT.

Enfim, se Cabral descobriu o Brasil, falta ao nosso ‘Cabralzin’ descobrir uma forma de ganhar simpatia e viabilizar seu nome junto ao mercado político florianense, que tem suas particularidades.

Possível recuo II

Juarez Xavier (Rede) esteve na manhã desta quarta (13), no Plenário da Câmara Municipal, onde realizou um encontro de despedida e prestação de contas da pasta de Meio Ambiente. Para disputar a eleição, é necessário se afastar seis meses antes do cargo de secretário.

Seu trabalho é muito bem avaliado e tido como revolucionário, uma vez que conseguiu acabar com a fila de espera e realizar licenciamentos em menos de uma semana, o que alavancou o desenvolvimento do município, com o mínimo impacto ao meio ambiente.

Na gestão de Lorenzoni, Xavier é visto como secretário que trabalha muito e entrega resultados. Para a disputa, por não ter montado chapa de vereadores em um partido, tido como ‘seu’, além da disputa muito pulverizada, pode o levar a desistir de buscar o Executivo e disputar vaga na Câmara, em chapa apoiada pelo prefeito.

Acelera, Ayrton!

Apadrinhado pelo prefeito, Cacau Lorenzoni e com o slogan’ “Acelera, Marechal!” Felipe Delpuppo vê, cada vez mais, seu nome se fortalecer e novas adesões a sua pré-candidatura.

Na próxima segunda-feira (18) quem desembarca em Marechal é o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB), para evento de filiação do pré-candidato, onde deve ouvir o “Tema da Vitória”, música de Eduardo Souto Neto que ficou famosa nas transmissões da Fórmula 1, com sua execução nas vitórias do piloto Ayrton Senna.

Em costura com o Palácio Anchieta, o grupo, liderado por Lorenzoni e Delpuppo, selou a filiação do pré-candidato ao partido de Ferraço, movimento estratégico, pois quem esperava Ferracinho, em seu palanque, era Cabral, que deve deixar a disputa.

Em sua chapa, deve vir como vice, o experiente no cargo, ex-vice-prefeito Tarcísio Borgo (PSB), o que fortalece os laços com o governador Casagrande e traz o tom ‘chapa-branca’ e suas obras para o colo do jovem vereador.

Com o grupo em mãos, Cacau espera fazer história novamente, ao eleger o prefeito mais jovem do estado, em 2024. Basta saber quem serão os fiéis, que irão contribuir e quem serão os ‘judas’, pois haverá traição na saída da mesa do jantar entre seus aliados.

Bolsonaro encarnado 

Parece hilário, mas a polarização nacional, com influência na política local, não foge à regra, nem na cidade de montanhas, com pouco mais de 17 mil habitantes, tendo dois pré-candidatos com plumagem bolsonarista.

Lidiney Gobbi (Progressistas) resolveu se identificar mais com o líder nacional. Foi ao evento, na Assembleia Legislativa, onde o ex-presidente recebeu Comenda e sua esposa posou nas redes sociais com Michele Bolsonaro.

No plano estadual, se aliou a Evair de Melo, deputado federal defensor dos ideários bolsonaristas. A estratégia do parlamentar é eleger prefeitos no estado para fortalecer sua candidatura a governador, em 2026 e ter chances de se eleger, com os prefeitos dando apoio.

Dono de enorme simpatia por onde anda, Lidiney segue sua caminhada e articulações. O ponto negativo é um percentual de rejeição de alguns setores do centro da cidade, mas tem o interior como sua base forte.

O ex-prefeito, mesmo aliado a Bolsonaro e a Evair, tenta buscar votos pulverizados entre outros eleitores, para retornar ao comando da cidade. Dentro do sindicato dos servidores, seu nome parece ser o favorito entre os filiados à entidade de classe, mesmo após os conflitos acalorados entre a antiga direção do SINDSMAF e Gobbi, durante seu período de gestão, entre 2013 e 2016.

 Bolsonaro parte II

O pré-candidato Diony Stein (Podemos) não se deixa levar pela paixão pelo ex-presidente, é ponderado e busca arregimentar votos fora desse campo também. Porém, seu grupo é formado por bolsonaristas que fazem questão de transparecer suas posições.

Stein teve uma alavancada em sua campanha, com a adesão do seu pré-candidato a vice, Dr. Otto Baptista. O ex-vice-prefeito, além de muito animado com a pré-campanha, usa da mesma energia para se posicionar em relação a diversos temas, inclusive para deixar seu lado bolsonarista e direitista bem definido por onde passa.

Diony costura bem sua chapa de vereadores e tem boa expectativa no resultado das urnas. Ele se baseia na última eleição, onde ficou com apenas 491 votos a menos que o prefeito eleito. Porém, sua equipe ainda não se atentou para calcular quantos  desses votos eram realmente ‘seus’, pois havia, em sua chapa, um vice que era puxador de votos e contribuiu muito para sua votação expressiva.

Outra contradição percebida foi nas duas entrevistas cedidas e registradas nos portais da região. Ao portal Notícia Capixaba, em 11/08/2023, o pré-candidato disse admirar o prefeito Cacau Lorenzoni, o elogiou por algumas vezes e ainda teceu elogios a algumas secretárias municipais. Já em 01/03/2024 teceu críticas ao prefeito e a sua postura, em entrevista a um portal de notícias de Domingos Martins.

Ainda foi notada contradição com relação a suas críticas sobre o atendimento da prefeitura ao interior e diretamente à Secretaria de Interior e Transportes de Lorenzoni, pois o próprio secretário criticado é um dos coordenadores, conselheiro e articulador da pré-campanha de Stein. 

Companheiro Lula, presente!

Como não poderia fugir à regra da polarização nacional, a campanha de Marechal deve ter um lulista  no páreo. Reginaldo Penha (PT) consolidou internamente sua posição de permanecer com a pré-candidatura, que ganhou corpo e tem chapa forte de vereadoras. 

Isso mesmo: vereadoras, pois nos bastidores há um burburinho sobre o grande número de mulheres que disputarão pela federação (PT, PCdoB, PV). São pelo menos sete pré-candidatas, o que seria bem maior que o número de homens. Muito diferente de todos os partidos país afora, onde há muita dificuldade de conseguir mulheres para completar as chapas para o Legislativo.

Reginaldo ganhou a corrida pelo apoio dos deputados federais e da regional do PT. Helder Salomão foi o último petista a nível nacional a passar uma tarde na cidade debatendo com seus apoiadores, a conjuntura e estratégias para a disputa de outubro.

Uma das estratégias de seu grupo é conversar muito, até convencer o eleitor de que suas propostas são melhores e factíveis. Outra frente é investir no eleitorado de Lula, em 2022, para presidente. No município, foram 34,52% dos votos, no segundo turno. Equivalente a 3.598 votantes, que seria mais que suficiente para eleger um prefeito, nessa, que será a eleição mais disputada da história de Marechal Floriano.

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Comentários

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4 respostas

    1. Uma grande oportunidade que Marechal tem de ter uma administração participativa e comprometida com a população. Reginaldo Penha é o nome

  1. As mulheres precisam ocupar a câmara de vereadores, e a pré candidata a vice-prefeita, a arquiteta e urbanista Carla Mugnhol pode fazer a diferença na chapa petista. As mulheres tem 53% dos votos no brasril. São 8,1 milhões de votos a mais que os homens

  2. Outro motivo importantissimo é a participação feminina… Carla é sem duvida uma mulher que tem todas as condiçoes de contribuir para uma boa gestão… Profissional e Humana, sem duvida uma mulher de luta.

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