Redação
Quando o assunto é colesterol, surgem muitas receitas e dicas prometendo soluções mágicas para o problema. Veja o que realmente funciona e o que o não funciona.
O excesso de colesterol no organismo é um problema silencioso e muitas vezes o primeiro sinal pode ser um problema grave, como um infarto ou AVC. Por isso, o controle das gorduras no sangue depende de duas ações muito importantes: a realização de exames de sangue e a prevenção por meio da adoção de hábitos de vida mais saudáveis.
De acordo com o Ministério da Saúde, todos os anos, cerca de 360 mil brasileiros morrem em decorrência de doenças cardiovasculares, cujo colesterol alto é um dos fatores de risco. E à medida que esse alerta é feito, muita desinformação e receitas mágicas surgem por aí com a promessa de ajudar na redução do colesterol. Por isso, a cardiologista Rovana Agrizzi, esclarece mitos e verdades sobre o assunto. Confira:
1 – Somente pessoas acima do peso podem ter colesterol alto:
Mito. Segundo Rovana, problemas com colesterol ocorrem em qualquer pessoa com alimentação desequilibrada e muito gordurosa. Além disso, a médica explica que as dislipidemias, ou seja, alterações das gorduras no sangue, podem também ter origem genética (elas são chamadas de primárias), assim como estarem relacionadas ao estilo de vida (essas são as secundárias). “A obesidade é um fator de risco para doenças cardiovasculares, mas não está intimamente ligada à dislipidemia. Por isso, mesmo pessoas com peso normal podem ter o problema”.
2 – Existem alimentos vilões para o colesterol
Mito. “Em termos de alimentação, as dislipidemias provocadas por um estilo inadequado de vida estão ligadas a uma alimentação de qualidade nutricional ruim de forma geral. Sendo assim, não existe um único alimento que, se não consumido, vai reduzir o colesterol de imediato”, pontua a cardiologista.
3 – Água com limão, água com berinjela e óleo de coco ajudam a diminuir o colesterol
Mito. Assim como não existem vilões do colesterol, água com limão ou berinjela não são alimentos salvadores. Conforme explica Rovana, “não existe nada comprovado sobre isso. Já foram feitos estudos com uso da berinjela e nada foi comprovado. Já existem informativos e diretrizes que informam para que o óleo de coco não seja usado com essa finalidade”.
4 – Dietas sem carboidratos devem ser usadas para diminuir colesterol
Mito. Rovana explica que dietas saudáveis devem conter todos os nutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras). O carboidrato não deve ser visto como vilão, mas a médica explica. “É preciso optar por carboidratos complexos e não refinados, como açúcar. A quantidade também deve ser ajustada para as necessidades de cada um”.
5 – Somente frituras aumentam o colesterol
Mito. “Alimentos assados e até mesmo frios, como sorvetes, podem ser ricos em gorduras hidrogenadas, gorduras que fazem mal”, diz Rovana, que faz um alerta para o consumo de alimentos industrializados. “Alimentos processados e ultraprocessados, que não são comida de verdade, exigem muita cautela. É preciso reduzir o consumo porque eles têm conservantes, sódio em excesso, glutamato, corantes e são pobres em fibras. Inclusive, esse é um cuidado que se deve ter desde a infância, pois as doenças cardiovasculares devem começar a serem prevenidas na infância.
6 – Colesterol alto é fator de risco para outras doenças
Verdade. O excesso de colesterol no sangue favorece o desenvolvimento da aterosclerose, ou seja, da formação de placas nas artérias, prejudicando órgãos como coração, cérebro e rins. Rovana afirma que as consequências podem ser doenças como angina, infarto agudo do miocárdio, doença das carótidas, obstrução de artérias renais e Acidente Vascular Cerebral (AVC). “Muitas vezes não ocorre um AVC clássico, mas ocorrem pequenos AVCs, que passam desapercebidos. No final, a pessoa tem uma demência vascular, redução do raciocínio, de comunicação, entre outras sequelas”, ressalta a cardiologista.
7 – Dietas veganas e vegetarianas ajudam a reduzir o colesterol
Verdade. Rovana explica que as dietas que possuem vegetais como base são mais saudáveis do ponto de vista cardiovascular, a exemplo da dieta mediterrânea e da dash diet, que foi criada para reduzir a hipertensão. “É basicamente pensar que a base são vegetais de todos os tipos (folhas verdes escuras e claras, legumes, leguminosas, cereais) e na ponta surgem proteínas e gorduras, como peixe a azeite. Não se trata de excluir, mas sim de consumir uma menor quantidade de alimentos de origem animal”, diz Rovana.
8 – Exercícios físicos ajudam a controlar os males do colesterol
Verdade. Segundo Rovana, a prática regular de exercícios muda a estrutura da parede das artérias, tornando-as mais saudáveis. Além disso, as moléculas do colesterol funcionam melhor em pessoas fisicamente ativas.
Foto: Maíra Mendonça