André Coser elogia o tratamento dado ao pai – Foto: Divulgação/Julio Huber |
Redação
Mesmo cada vez mais difundidos em todo o mundo, tratamentos médicos com produtos derivados da planta Cannabis sativa ainda deixam muitas pessoas com dúvidas. Quais doenças que podem ser tratadas com canabinoides (substâncias encontradas ou extraídas da planta) é um dos principais questionamentos. A Cannabis possui mais de 140 canabinoides que podem ser usados na medicina, entre eles os mais conhecidos: canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC).
No Espírito Santo, milhares de pacientes fazem uso de produtos oriundos da Cannabis sativa. O geriatra Edson de Sousa Ribeiro Júnior, que atende na MedSativa, que fica em Vitória e é a primeira clínica do Estado especializada em tratamentos com canabinoides, conta que são inúmeras as doenças tratadas com medicamentos oriundos da planta.
“Na geriatria, diversas condições médicas são passíveis de tratamento. Depressão, ansiedade, insônia, dor crônica de difícil controle, sintomas da doença de Parkinson, esclerose múltipla e outras doenças neurodegenerativas são passíveis de tratamento com controle de sintomas, proporcionando uma melhora da qualidade de vida dos pacientes”, contou o geriatra.
O médico destacou, ainda, que manifestações psiquiátricas das demências, com agitação psicomotora, alucinações, ideias de perseguição entre outros sintomas, que muitas vezes são difíceis de serem tratadas com os medicamentos hoje disponíveis, apresentam melhoras surpreendentes com o uso de canabinoides. “Conseguimos melhora executiva, de motricidade, de humor, equilíbrio do apetite e na qualidade do sono”, destacou.
Quem passa a realizar tratamentos usando produtos da Cannabis sativa, pode diminuir e até eliminar o uso de medicamentos tradicionalmente utilizados para o controle das doenças. Cada paciente tem uma resposta ao tratamento e a redução dos medicamentos é gradativa.
“Possuo muitos pacientes em tratamento com terapia canábica, pois já estou prescrevendo esses medicamentos há cerca de quatro anos e meio. Confesso que comecei a estudar o sistema endocanabinoide e os fitocanabinoides após pacientes vindo ao meu consultório me mostrarem resultados muito positivos com este novo tratamento”, relatou o geriatra.
Ele contou que após se aprofundar no tema, iniciou as prescrições a principio timidamente, aumentando após ir fazendo cursos e mantendo estudos nesta área com leitura de livros e artigos e participando de várias palestras. “Hoje tenho cerca de 200 pacientes em uso, com patologias diferentes, não só no Espírito Santo, mas em outros estados, por teleconsulta”, informou.
Edson afirmou que a princípio não existem contraindicações absolutas a pacientes que queiram iniciar tratamentos com canabinoides. “É lógico que pacientes mais debilitados, com idade muito avançada, com muitas comorbidades (muitas doenças ao mesmo tempo) e principalmente os em polifarmácia (uso de muitos medicamentos ao mesmo tempo), são de maior risco, devendo a escolha do tipo de terapia canábica ser individualizada caso a caso, afim de avaliar segurança e benefícios”, explicou.
Paciente volta a fazer atividades que não conseguia
Um dos pacientes do Dr. Edson de Sousa Ribeiro Júnior é José Izidoro Coser, 85 anos. Ele utiliza o produto Nabix e Canabidiol por aproximadamente quatro anos, para o tratamento de Alzheimer. O filho dele, André Ricardo Coser, conta que antes do uso dos produtos à base de Cannabis, ele utilizava uma quantidade maior de medicamentos, tinha grande dificuldade em relação à memória e até dificuldade no dia a dia para manipulação de um controle de TV, por exemplo. Também apresentava apatia e desânimo para atividades do dia a dia.
“Ele tinha pouca ou nenhuma vontade de sair de casa, sofria de surtos constantes, com repetição de atividades já realizadas, como banho, entre outras. A qualidade de vida era bem pior. Após a utilização dos medicamentos da Cannabis, melhorou a memória, tem mais ânimo para realizar atividades do dia a dia, os surtos tiveram fim, e ele voltou a ficar animado para sair de casa. Melhorou muito sua qualidade de vida”, afirma o filho de José Izidoro.
André Coser elogia o tratamento dado ao pai. “Eu diria que as pessoas que forem devidamente orientadas por um médico e com uma análise e avaliação da dosagem, a Cannabis é uma ótima opção para a melhora significativa da qualidade de vida do paciente. Vale a pena fazer uso. No caso do meu pai, só foram benefícios. São necessários alguns ajustes de dosagem, retirada ou diminuição de outros medicamentos, mas vale muito a pena”, garantiu.