Informação do jornal ES de Fato-Dayane Hemerly/Foto: Alexandre Oliveira |
Fiéis da Paróquia Sagrada Família, de Soturno, distrito de Cachoeiro de Itapemirim, passaram por momentos de tensão e medo na noite desta segunda-feira (18). O ônibus em que estavam, perdeu o freio ao descer a serra, mas não houve feridos.
"Por volta das 22h00, o motorista do ônibus gritou para que os passageiros se segurassem nas poltronas e permanecessem sentados". Esse foi o relato do passageiro Alexandre Oliveira, de 28 anos.
À reportagem do jornal ES de Fato, ele disse que cerca de 40 pessoas estavam no coletivo e voltavam de uma missa realizada na Matriz de São João Batista, em Jaciguá. "Fomos animar a missa e o que começou com uma noite maravilhosa, quase acabou em tragédia".
Alexandre contou que o motorista, para não bater em um muro de contenção, fez a "Curva da Morte" – famosa pelo alto índice de acidentes fatais – na contramão. O ônibus parou logo depois da curva.
"Pelo o que percebi, como o ônibus não tinha mais freio, o motorista engatou a primeira marcha (perceptível por causa do barulho alto que o motor emitiu) e, após fazer a "Curva da Morte" na contramão, o veículo perdeu força até parar", diz.
Desespero
Alexandre lembra que os passageiros entraram em pânico quando perceberam o que estava acontecendo.
"Algumas pessoas começaram a chorar e ficaram desesperadas com o que poderia acontecer. O motorista pediu para que todos se segurassem. O padre Carlos Renato ficou de pé e pediu a todos que mantivessem a calma", descreve.
Ele conta que também se levantou e pediu para que todos se segurassem nas poltronas. "Quem conhece essa serra, sabe muito bem o que é perder o freio quando se está descendo", complementa.
Um guincho fez a retirada do ônibus do local e os fiéis foram embora de carona com moradores da comunidade. "Pessoas conhecidas que passavam por lá davam carona. Eu mesmo liguei para casa e pedi que alguém fosse me buscar", finaliza.
Precariedade
A passageira Eliana Cláudia Salles de Freitas Oliveira, de 51 anos, informou que ao embarcar chegou a mencionar que o ônibus estava velho, mas que não imaginava que algo poderia realmente acontecer.
"A viagem de ida foi muito tranquila, porém, na volta, antes de entrarmos no ônibus, o motorista ficava acelerando o tempo todo. Como eu estava no assento atrás dele, vi que durante o trajeto de volta para casa ele ficava olhando o tempo todo para o painel".
Ela diz que depois do mirante de Soturno, o ônibus descia no meio da pista, ao invés de descer na mão correta e, então, todos que estavam no coletivo começaram a perceber que algo estava errado.
"Desde lá de cima ele estava descendo só de primeira e toda vez que ele tentava passar a marcha, o ônibus dava um solavanco. E aí ele começou a dizer 'se segurem, se segurem'. Todos entraram em desespero", diz.
Eliana não culpa o motorista, mas sim a empresa pelo o que ocorreu. Ela conta que trabalha em Cachoeiro e todos os dias toma ônibus da mesma empresa.
"O motorista também é vítima nessa situação, porque ele é funcionário. Foi um momento de pavor e revolta, porque pagamos pelo ônibus. A empresa recebeu. E nos disponibilizam um ônibus velho, sem condições de rodar. E isso acontece todos os dias, porque eu vou para o meu trabalho em um ônibus nessas condições", desabafa.
Ela fala que os usuários desses coletivos já fizeram diversas reclamações na empresa, mas nada ainda foi feito.
A reportagem do jornal ES de Fato tentou falar com a Viação responsável pelo ônibus, mas até o momento não houve respostas.