Valdinei Guimarães/radiofmz.
Produtores de tomate de Venda Nova do Imigrante lidam como podem com a oscilação no preço do produto. Por ser muito sensível às condições climáticas e a pragas, o fruto não pode esperar para ser colhido e, algumas vezes, quem planta tem que jogar fora a produção para evitar prejuízos maiores. Porém, os preços estão melhorando para o produtor neste mês de janeiro.
A variação no valor do tomate não é novidade para quem cultiva. O produto é sensível às mudanças climáticas e estraga com facilidade, o que impede o produtor de aguardar o melhor momento para vender. “A mudança nos preços está relacionada com a oferta e procura. Tivemos aumento da oferta no fim do ano passado, o que fez os preços caírem. Agora em janeiro o preço está voltando a subir”, comenta Sara Ola, pesquisadora do Incaper.
A grande quantidade de tomate no mercado no início do verão, no fim do ano, é causada pelo clico de produção do tomateiro. “É um fruto que se adapta melhor aos locais com temperatura amena. Por isso, os produtores plantam nas estações de clima mais frio para colher no verão, quando a planta já cresceu e madurou”, explica a pesquisadora.
O resultado da oscilação é sentido pelos consumidores na hora das compras. O quilo do tomate longa vida, variedade cultivada na Região, chegou a ter preço médio de R$ 0,75 em dezembro de 2014 na unidade Grande Vitória das Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa). Porém, na quarta (14), o quilo do tipo Boca 6 do longa vida era vendido por R$ 2,31, em média, na mesma unidade.
Em meados de 2014, o tomate teve grande aumento de preços e deixou a salada bem mais cara. Por causa do preço, o fruto chegou a gerar ‘memes’ e brincadeiras na internet. Algumas comparando o produto a artigos de luxo.
O cenário atual não é dos piores para quem planta, na opinião de alguns produtores. Em dezembro de 2013, muitos agricultores tiveram prejuízos por causa do excesso de chuva. Em 2014, o clima foi mais favorável. “Tive perdas com valores na casa dos milhões na época das chuvas, porque minha produção é grande. Pude recuperar as perdas esse ano, porque pegamos um período de preços bons”, defende Vanderlei Cesconetti, que planta na localidade de Alto Caxixe, em Venda Nova, além de outros municípios.
Já para Paulo José Uliana, que também cultiva tomates em Alto Caxixe, a recuperação do preço ainda não deu o alívio necessário nas contas. “A área onde planto em Alto Caxixe vai dar prejuízo. O problema foi o sol. Não foi possível molhar as plantas de forma adequada. Os preços melhoraram, mas ainda não estão bons”, conta Uliana.
Outro produtor, Gerson Cesconetto, lembra que já teve que descartar tomate no passado, mas que agora a situação está melhorando. “Foram cerca de 10 mil caixas jogadas fora em 2014. Não valia a pena colher ou o preço de venda não cobria os custos de embalagem e transporte. Em janeiro, os preços começaram a aumentar”, conta Gerson, que planta cerca de 800 mil pés de tomate ao ano em Alto Caxixe e Muniz Freire.
Para tentar evitar os prejuízos causados pelos altos e baixos no preço do tomate, Sara Ola explica que há duas alternativas. “É importante fazer o escalonamento da produção, ou seja, plantar aos poucos e em partes diferentes do terreno. Porém, nem sempre isso é possível, porque depende das condições climáticas. Outro caminho seria o cooperativismo. Produtores podem se unir para vender seus produtos em locais mais distantes, onde os preços estão melhores”, finaliza.